Anne, sexo feminino, 30 anos, residente de Belo Horizonte/MG diz:
Bom, este ano foi um ano difícil: a empresa na qual eu trabalhava declarou falência e tive imensas dificuldades de me realocar no mercado. Não por falta de oportunidades, sou uma profissional muito bem posicionada na minha carreira, mas, por uma crise imensa de ansiedade que venho enfrentando, não consigo permanecer nas vagas que me são ofertadas. Já abandonei trabalhos ótimos: ficava um mês e não aguentava o “novo”, as novas dificuldades e desafios inseridos em qualquer novo emprego. Crises intermináveis de ansiedade, medo e depressão. O que fazia com que minha produtividade despencasse e minha tranquilidade também. O medo vivenciado era tanto que eu cheguei a emagrecer 5 kg em uma única semana, pois não dormia e nem comia. Cheguei a fazer um tratamento psiquiátrico com alprazolam em junho/julho, melhorei um pouco mas ainda não consigo voltar para o modelo de emprego que eu tinha: carteira assinada, chegar no horário, empresas grandes, estresse, pressão. Criei uma espécie de temor para com o meu trabalho, pois eu atuava num segmento muito específico da minha profissão. E, no mercado de BH, esse segmento praticamente deixou de existir. Assim, eu teria que assumir novas funções dentro da minha área. Então, em resumo, tenho:
– enfrentado situações que, para o meu cérebro, são de perigo: novas funções, nova empresa, novos colegas.
– não conseguindo superar a ansiedade, medo e depressão.
– criando um bloqueio emocional gigantesco e depois de padecer um mês, abandono a vaga.
– descrendo em minha capacidade de superação e profissional.
Sei que qualquer novo emprego têm esse momento do “novo”. Mas parece que perdi a receita e não consigo avançar. Já tentei propor às empresas para as quais fui de tentar um “teste” antes de ter a minha vaga efetivada. Talvez, com menos pressão de carteira assinada, eu poderia, aos poucos, vencer isso.
Se puder me dar um direcionamento, agradeço!
Prezada Anne,
De forma bastante breve, o que me parece que ocorreu foi que a “base sólida” na qual você se apoiava transformou-se numa “base arenosa” e, a partir daí, você não se sente mais segura como antes em seu desempenho profissional, correto? Chegando a ter, inclusive, crises de ansiedade…
Como você mesma já colocou, é natural que mudanças na nossa vida produzam sensações de medo/ansiedade, já que nem sempre temos habilidades e um repertório comportamental já bem desenvolvido para a nova configuração que se apresenta.
Diante do novo, é natural acontecer o que, de certa forma, vem ocorrendo com você: tentativas de fugir da situação que nos amedronta ou mesmo tentativas de amenizá-la. Você, por exemplo, já chegou a propor às empresas uma espécie de “teste” antes de ter sua vaga efetivada. É uma forma de nos protegermos.
No entanto, só se vence uma situação amedrontadora PARTICIPANDO dela! Ou seja, enfrentando-a no lugar de fugir! Por mais dolorosa que seja essa saída, só assim se vence o medo de algo!
O quanto você tem efetivamente participado/enfrentado a situação? O que você ainda não fez e que só depende de você fazer para “virar o jogo”?
Sei que uma situação como a que você está vivenciando não é fácil (afinal, se fosse fácil você já tinha saído dela, não é mesmo?). E em muitos casos a ajuda de profissionais especializados é fundamental, como por exemplo a ajuda de um psicólogo e um psiquiatra, num trabalho conjunto.
Penso que seria interessante esse tipo de ajuda tão logo seja possível para que você supere em breve esta situação. Afinal, estamos falando de um aspecto importante da vida: AUTOCONFIANÇA, que pode acabar refletindo na vida como um todo, não é mesmo?
Um abraço,
Ghoeber Morales.