Acabo de fazer uma pausa de 3 dias. Uma pausa para fazer nada, a não ser descansar. Fui até Salvador no feriadão, porém sem compromisso algum: sem hora pra acordar ou dormir, sem programação pré-definida, sem a obrigação de entrar em contato com os amigos que moram na cidade, sem ter que ir à praia… Enfim, 3 dias para sair da rotina de trabalho e… só!
Estou escrevendo este texto de dentro do avião, já no caminho de volta pra casa. É Domingo de Páscoa. São 23:30h e enquanto a maioria das pessoas dorme, provavelmente para “recuperar energia” para o dia de hoje (Segunda-feira), eu já estou repleto dessa energia e, ao redigir este texto, acabo de decretar meu retorno ao trabalho. Oba! Confesso que estava com saudades.
Pausas são definitivamente fundamentais em nossa vida, você concorda? O que seria de nós sem elas? Já imaginou?
Horas ininterruptas se exercitando, estudando, dirigindo, teclando, se divertindo, trabalhando, namorando… Não há sequer uma atividade na qual uma pausa não se faça necessária! Mesmo as atividades mais gratificantes só se mantém assim, tão atraentes, em função das pausas que eventualmente ocorrem.
O sabor de uma maçã fica melhor caso eu fique algum tempo sem comer maçãs; a companhia de alguém especial torna-se ainda mais gostosa quando eu fico um tempo, ainda que pequeno, distante dela. O cheiro agradável do meu travesseiro e a maciez da minha cama aumentam de proporção quase que na mesma medida da minha ausência em relação a eles…
VOCÊ TAMBÉM SENTE ISSO?
Esse “pause” que eventualmente damos (seja no relacionamento afetivo, no contato com os amigos, no trabalho, nos estudos, no esporte, na rotina, e etc.) parece funcionar como uma engrenagem a nos impulsionar.
Sim, se você associou essa pausa com “motivação” você está acompanhando meu raciocínio.
Podemos pensar, de forma rápida e simples, em três componentes que ajudam a produzir motivação:
1) Ser bem sucedido em nossas ações. Afinal, resultados positivos tendem a nos fazer querer repetir o que foi feito e, assim, ter acesso novamente aqueles resultados.
2) Fracassar. Afinal, entrar em contato com consequências negativas também pode nos impulsionar a fazer o que for preciso para eliminar ou reduzir essa situação ruim e então entrar em contato com consequências mais amenas e/ou positivas.
3) Fazer uma pausa. Como apontado acima, a ausência temporária de contato com algo prazeroso geralmente torna aquele estímulo (lugar, pessoa, situação, etc.) ainda mais gratificante.
Portanto, as pausas são maneiras importantes de nos motivar.
Obviamente, diferentemente do que muitos ainda acreditam, as pausas não são milagrosas (e nunca serão, acorde!). De vez em quando a gente vê pessoas próximas fazendo uma viagem para “salvar o relacionamento”, para “desestressar do trabalho”, ou mesmo para “dar um rumo na vida”. A pausa não terá muita eficácia a não ser que ela ocorra numa situação em que a pessoa esteja satisfeita.
Quando este não é o caso, a pausa pode funcionar meramente como uma forma de postergar, de procrastinar certas decisões e atitudes que, estas sim, teriam algum efeito na resolução do problema, na diminuição do sofrimento.
Tentar consertar algo que não está indo bem como uma pausa equivale a dar uma “pause” na parte chata de uma canção e, depois de um tempo, ao apertar o “play”, querer que “magicamente” a parte chata tenha desaparecido.
As pausas que damos na vida, portanto, podem servir como um bom termômetro para fazermos avaliações. Já pensou nisso?
Grosso modo, se após a pausa o sentimento ao regressar à situação é positivo, ameno e/ou agradável, isto pode ser um bom indício. Ou seja, pode significar que a atividade ou pessoa ou situação da qual você se ausentou lhe traz satisfação.
No entanto, se o sentimento envolvido quando a pausa termina traz algum desconforto ou é nitidamente desagradável, vale a pena ficar atento e investigar os motivos disto estar ocorrendo.
Afinal, eventualmente precisamos muito mais do que uma pausa.
Mudança. Término. Recomeço. Rompimento. Desligamento. Renovação.
Do que você está precisando?
Agora são 00:20h. O piloto anunciou a descida. Hora de desligar o celular. Boa semana!
Grande abraço,
Ghoeber Morales.