Fiquei exatos 66 dias sem aparecer por aqui. Particularmente, fiquei triste por não ter escrito nenhum post em Janeiro, e Fevereiro quase acabou sem eu “dar as caras”. Foi uma escolha… Ainda que, em partes, isto tenha me deixado triste por um lado, por outro me proporcionou tempo e energia para me dedicar a um outro projeto cujo resultado foi sensacional, que foi o Workshop VOCÊ NO COMANDO, realizado há 1 semana em Belo Horizonte.
A vida é feita de escolhas. O tempo todo. Neste exato momento, ao escrever este post num Domingo de manhã, estou escolhendo, conscientemente, não descansar um pouco mais, ainda que na semana que acaba de ter início terei muito trabalho pela frente. Ao escrever este post, estou escolhendo adiar o café da manhã para aproveitar a inspiração com que acordei, ainda que eu esteja com muita fome e ouvindo meu estômago “gritando”. Ao escrever este post, estou escolhendo abrir mão de uma série de outras atividades. Para me dedicar apenas a este post.
Muitos textos já foram escritos sobre este tema: ESCOLHAS. O que estou trazendo aqui não é novidade para a maioria. A ideia de que, ao se fazer uma escolha, inevitavelmente a gente acaba tendo que abrir mão de outras coisas, é velha. Mas me intriga ver tantas pessoas, ainda, querendo ter tudo e não abrir mão de nada!
Pessoas que se comportam assim provavelmente me diriam: ” – Se você está com tanta fome, por que não faz uma pequena pausa, coloca um pão de queijo no forno e, enquanto ele assa, você termina de escrever seu texto?” (se fosse em São Paulo falariam do pão com mortadela, na Bahia da tapioca e assim por diante). É verdade, eu poderia fazer isso. Mas, conscientemente, escolhi não fazer. Penso que esta “quebra” produz uma “quebra” no meu raciocínio. E hoje, pouco tempo depois de abrir os olhos, ainda na cama, disse pra mim mesmo que ia me dedicar esta manhã a escrever um novo texto, compartilhar algumas ideias com vocês.
Eu já sei o que vou comer no café da manhã de hoje. Mas vai ficar pra daqui a pouco. Ao fazer esta escolha, estou adiando o contato com algumas consequências para estar em contato com as consequências mais imediatas desta ação (escrever este texto). O que se vê, ainda nos dias de hoje, são as pessoas querendo ter contato com as consequências imediatas de suas ações (no geral consequências prazerosas), mas querendo, também, ter acesso às consequências de médio e longo prazo, se estas forem prazerosas também. Caso contrário, geralmente dão um jeito de evitá-las.
Ou seja, apesar de todo conhecimento sobre o assunto, as pessoas ainda querem “ganhar tudo e não perder nada”. Querem o pão de queijo quentinho e a melhor ideia possível para o texto; querem ficar magras e comer o pedaço de bolo prestígio 3 vezes por dia; querem passar num concurso e continuar badalando todo final de semana; querem se casar e continuar, ainda que de vez em quando, “pulando a cerca” e conhecendo outras pessoas interessantes, etc. As pessoas querem tudo. Nós queremos tudo!
A questão toda é essa: quando a gente se divide pra ter acesso ao maior número de consequências prazerosas, ou seja, quando a gente se divide entre muitas escolhas e abrimos mão de pouca coisa, o resultado é geralmente ganhar pouco de cada coisa. E isto é suficiente/bom/interessante/satisfatório para muitas pessoas. Torna-se um problema quando elas querem obter o máximo de consequências prazerosas de cada situação, porém sem abrir mão de nada. Simplesmente impossível.
Vou escolher, neste exato momento, ir finalizando o texto, pois quero evitar que você se canse e desista de terminar a leitura. Afinal, hoje muitos de nós escolhemos parar de ler um texto ou assistir a um vídeo informativo quando ele passa de 5 minutos para fazer qualquer outra coisa que traga um prazer maior e mais imediato.
Em resumo: a gente pode escolher o que a gente quiser nesta vida… mesmo! Saber escolher envolve saber identificar as consequências (prazerosas ou não) de cada ação e então tomar partido de uma (ou várias). Ao escolher uma alternativa, teremos acesso às consequências que ela nos proporcionar e não teremos acesso por completo às consequências que as outras alternativas (da qual abrimos mão) nos dariam. Ao nos envolvermos em várias escolhas simultaneamente, (para evitar perder coisas importantes) teremos acesso a pelo menos um pouco das consequências proporcionadas por estas muitas escolhas. Se eu não tivesse ficado 66 dias sem escrever um post, teria usado menos energia na preparação do workshop. Se eu tivesse dado ouvidos ao meu estômago, eu não teria conseguido “mergulhar” nas minhas ideias da forma como eu fiz. Investi aproximadamente 50 minutos da minha manhã de Domingo para me dedicar apenas a este texto. Estou terminando-o ganhando, em troca, o máximo de satisfação possível, já que me dediquei integralmente a ele. Fiz apenas esta escolha.
Agora sim vou ali colocar o pão de queijo no forno e apaziguar a gritaria do meu estômago!